Ao redor do mundo, o dia 8 de março é marcado pela comemoração do Dia da Mulher. Esta é uma data que fomenta reflexões e conversas sobre as lutas, superações e conquistas de mulheres em diferentes âmbitos.
Segundo um levantamento feito pelo SICCAU, apesar de serem maioria no Brasil (64% dos arquitetos do país são mulheres), vencem menos de 20% dos prêmios e concursos e menos ainda chegam a ter seus próprios escritórios.
Então, aproveitamos para destacar a história de algumas das arquitetas mais notáveis do Brasil e do mundo. Essas mulheres, cada uma à sua maneira, são personificações de sucesso ao atravessarem barreiras impostas pela sociedade e se tornarem grandes profissionais de visão, deixando um importante legado e inspiração para várias pessoas ao seu redor.
Zaha Hadid: exemplo para todas as arquitetas buscando seus lugares no mercado
Nascida em Badgá, em 1950, e naturalizada britânica, Zaha Hadid é vista como um dos maiores nomes da arquitetura. Suas criações apresentam um caráter não linear, desconstrutivista, acompanhado de curvas, formas e perspectivas, com inspiração constante na natureza.
Sua primeira formação acadêmica foi em matemática, pela Universidade Americana de Beirute. Após isso, começou a dar seus primeiros passos em direção à arquitetura ao entrar na Architectural Association de Londres. Em 1979, começou a exercer a sua própria prática de arquitetura em Londres.
Trabalhou em obras ao redor do mundo, como o Bergisel Ski Jump em Innsbruck, na Áustria, o Centro Aquático de Londres, o Galaxy Soho em Pequim, na China e o Edifício da BMW, em Leipzig, na Alemanha. Além disso, participou da confecção de interiores de alto-padrão, como a Zona da mente no Domo do Milênio, em Londres.
Com sua linguagem ousada e forte, tornou- se a primeira mulher a receber o Prêmio Pritzker de Arquitetura, atribuído pelo conjunto de sua obra em 2004. Alguns anos depois, em 2015, foi laureada com a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects, rompendo com a hegemonia masculina que por ali reinava.
Em 31 de março de 2016, Zaha Hadid faleceu em Miami, deixando um legado repleto de inspiração e ensinamentos para todas as mulheres na arquitetura.
Carol Bueno: Triptyque e a sua importância para a ponte da arquitetura brasileira e europeia
Carol Bueno foi uma arquiteta, urbanista e empresária brasileira que buscava, em suas obras, trazer baixo impacto ambiental e alto impacto transformador.
Em 2000, criou, com quatro colegas de faculdade, o escritório de arquitetura franco-brasileiro Triptyque – um dos mais importantes do país e responsável por aproximar as relações entre a arquitetura brasileira e a europeia.
Ao longo de sua carreira, Carol Bueno tentou combater alguns problemas de cidades em desenvolvimento ao criar métodos de transformação da urbanização e construção moderna. Além disso, também favorecia o uso de madeira em edificações verticais e era grande fã da “arquitetura tropical”; técnicas do Triptyque para lidar com as particularidades climáticas do Brasil.
No geral, a arquiteta buscava desenvolver um diálogo entre o meio urbano e a natureza e possui obras espalhadas pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Ademais, seu patrimônio cultural também engloba a criação do bloco de rua Acadêmicos do Baixo Augusta, no qual foi a responsável pela cenografia de todos os desfiles até 2021.
Faleceu em 2021 após lutar contra um câncer. Até hoje, é responsável por influenciar a transformação por cidades mais abertas e inclusivas, além do respeito ao meio ambiente.
Lina Bo Bardi: inspiração na arquitetura moderna num país de cultura recente – o Brasil
Lina Bo Bardi nasceu na Itália, mas veio para o Brasil em 1946. 5 anos depois, se naturalizou brasileira. Aqui, Lina encontrou um novo potencial criativo dentro da arquitetura moderna e na cultura popular. Afinal, agora estava em um país de cultura em formação, essencialmente diferente das suas origens europeias.
Lina foi responsável por parte da obra do primeiro espaço que abrigou o MASP, na Rua Sete de Abril. Lá, participou da reforma dos espaços no primeiro andar, removendo elementos do projeto original, com o objetivo de criar um ambiente estritamente funcional.
Em 1957, devido ao aumento do acervo e das atividades didáticas do museu, o MASP foi realocado para a Avenida Paulista, onde permanece até hoje. Lina Bo Bardi considerava o local ideal para a construção desta nova sede, mas, mais importante do que isso: foi a responsável por conceber a arquitetura do edifício. Esta é talvez sua obra mais memorável e emblemática.
Adicionalmente, também foi responsável pela idealização do Teatro Oficina e do SESC Pompeia. Essas três edificações foram importantíssimas para fundamentar o modernismo no Brasil e fomentar o interesse da população pela arte. Por isso, apesar de um portfólio sucinto, Lina Bo Bardi tem um legado imensurável.
Após sua morte, em 1992, a relevância da arquiteta foi ainda mais consolidada. Tornou-se referência internacional e pauta para debates sobre os mais diversos assuntos.
Lota de Macedo Soares
Lota de Macedo Soares nasceu em Paris e chegou ao Brasil com 18 anos, em 1928. Foi uma pessoa rodeada por controvérsias – seja pelo interesse em carros de corrida, o uso de roupas masculinas ou por seu romance com Elizabeth Bishop, poetisa americana.
Autodidata na arquitetura e paisagismo, foi convidada pelo então governador Carlos Lacerda para participar do seu feito mais célebre – o Aterro do Flamengo.
Durante a realização desta obra, Lota deixou bem clara a sua preocupação em unir o espaço urbano aos seus habitantes. Em meio ao caos da cidade, o Aterro do Flamengo tornou-se uma espécie de oásis.
Originalmente, esta construção englobaria apenas uma pista expressa entre o Centro e a Zona Sul do Rio de Janeiro. Lota, então colega de trabalho e amiga de Carlos Lacerda, foi responsável por recomendar a estruturação da área de lazer. Com a parceria de Burle Marx, o novo espaço foi destinado a diversas práticas esportivas.
Além disso, a sua obra Casa da Samambaia, em Petrópolis (RJ), foi laureada pela Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 1951, e apresentou técnicas à frente de seu tempo.
Apesar de seu falecimento precoce e trágico, Lota deixou sua marca na história, na paisagem e no imaginário brasileiro.
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